Visita guiada ao Museu da República

Data da atividade: 

18/08/2014
  • Caderno de campo

Autor: 

  • André Ramos Ielo

            A ida ao Museu da República foi a primeira experiência que tive com os alunos do Amaro Cavalcanti fora do ambiente escolar. Levados até o local pelo professor Josimar, os alunos tiveram contato com a história da formação da República Brasileira, fosse pelos quadros, estátuas, vídeos, pela arquitetura neoclássica e pelos objetos históricos, estes, representando temas importantes da formação da nossa república, como a urna de votos, as fardas militares daqueles que combateram as e nas revoluções do período republicano, recortes de jornais de época retratando acontecimentos marcantes na nossa história, como o suicídio de Getúlio Vargas. Além do fato de que o próprio museu, sua estrutura física, faz parte da história, já que foi o antigo Palácio do Catete.

            Quando acompanhei os alunos durante a sua visita, pude perceber alguns comportamentos interessantes. De certa forma, eles, os alunos, interagiram bem com os objetos históricos, mesmo que o guia não tenha conseguido concentrar a atenção de todos naquilo que falava, ou que mostrava a eles, resumindo a sua apresentação a três ou quatro alunos que ficavam a sua volta, mais próximos, enquanto os outros, uns oito, perambulavam pela sala, tirando fotos junto com o acervo. É claro que uma ida ao museu não é algo que deixe jovens excitados em aprender, principalmente quando se resume a percorrer salas e salas e a ouvir o que o guia tem a dizer, algo que necessita de paciência, concentração e, talvez, algum conhecimento sobre o museu e seu acervo, que deveria ser exposto aos alunos antes da sua ida ao mesmo. Com certeza os alunos teriam prestado mais atenção se houvesse um esclarecimento do porquê devem ir ao museu, e o que vão encontrar lá, e qual é a importância de se aprender aquilo que o museu tem a oferecer. Imagino eu que o objetivo seja esclarecer o processo de formação política da nossa república, permitindo aos visitantes uma compreensão geral da história política brasileira, ajudando-os a ter um ponto de vista crítico sobre a política contemporânea. É preciso dar aos alunos informações que esclareçam e justifiquem as ações pretendidas pelo professor, para que a ida não se torne uma simples obrigação por parte do aluno. E sim uma aula fora do ambiente limitado de uma sala de aula ou de um colégio.

            A interação dos alunos com o acervo foi marcada pelo tédio, mas, em contrapartida, fotografaram o acervo, o que demonstra, talvez, alguma valorização daquilo que estava sendo exposto; e contribuindo, mesmo que superficialmente, para a compreensão histórica  sobre os  objetos. Afinal, as fotos servirão como lembranças da ida ao museu e, consequentemente, do que foi dito e ouvido por lá. É claro que é preferível que eles tivessem prestado atenção, questionado e levantado hipóteses sobre os objetos presentes no museu. Mas para isso seria necessário um trabalho mais extenso e profundo por parte dos alunos e do próprio professor Josimar. Porém, o que percebi foi que a ida se deu pela iniciativa do professor Josimar. Não creio que o Colégio Amaro Cavalcanti tenha visto nessa ida uma oportunidade para se trabalhar com a educação dos alunos, sinceramente, não posso afirmar isso, mas, ao que presenciei, a ida ocorreu pela iniciativa de Josimar.

Além disso, Josimar passou um trabalho para os alunos que foram ao museu, um trabalho que julgo como essencial para a compreensão do acervo histórico que viram. As perguntas proposta por Josimar, para serem respondidas e entregues por escrito na próxima aula, vão desde perguntas básicas, como “Descreva o que mais gostou e o que menos gostou”, a outras que considero fundamentais, como as perguntas “Como você avalia a atuação dos professores presentes no passeio?”, “Descreva o Museu e a recepção dos monitores” e “De que forma a visita pode ajudar na compreensão da matéria?”, no caso, História. A primeira pergunta demonstra uma preocupação pela opinião própria do aluno, do que sentiu ao ir lá, e pede para descrever o objeto que mais gostou, ou seja, um exercício de resgate de uma lembrança, e da justificação da sua opinião de por que esse ou aquele objeto deve ser lembrado. Um exercício de caráter subjetivo que dá ao aluno a oportunidade de apresentar a sua opinião sobre a visita, mediante a uma justificação, uma explicação do porquê. A segunda e a terceira perguntas que destaquei demonstram uma preocupação em analisar aqueles que devem transmitir o conhecimento, e essa análise é feita por aqueles que o receberam, ou que deveriam ter recebido. Partirá do aluno a análise da qualidade do método e da didática usados tanto pelos guias do museu, quanto pelo professor presente, no caso, o Josimar. Um modelo de pergunta que promove não só a reflexão sobre o que é ensinar e como deve ser feito, mas também serve como um instrumento de autoanálise, caso o professor venha a utilizar as respostas para esse fim.

            A ida ao museu foi promissora, mas ela só será, ou seria, estruturante de um conhecimento reflexivo e aprofundado sobre os objetos históricos presentes no acervo, caso houvesse um trabalho em conjunto do professor Josimar, de outros professores e da administração do colégio, incentivando os alunos a responderem todo o questionário proposto por Josimar, um total de 11 perguntas, e trabalhar essas respostas dentro da sala de aula, promovendo um debate sobre a ida e o que foi aprendido nela, o que não foi, e o que deveria ter sido aprendido.