Acompanhamento das aulas de história

Data da atividade: 

16/09/2014
  • Caderno de campo

Autor: 

  • Layssa Bauer Von Kulitz

Durante os meses de agosto e setembro tenho ido semanalmente ao Colégio Estadual Amaro Cavalcanti para acompanhar as atividades do professor Josimar, dentro e fora de sala de aula. Os dois únicos tempos semanais de história presentes na grade de ensino estadual são agrupados em uma só aula de uma hora e vinte minutos, o que significa que cada turma só tem aula de história uma vez por semana. Como o professor Josimar só dá aula dois dias da semana, ambos esses dias são também as únicas aulas sendo atendidas pelos alunos. Creio que tal disposição acaba sendo um ponto positivo para mim, já que dessa forma eu tenho a possibilidade de acompanhar todas as aulas de certas turmas do professor Josimar.

O professor Josimar recorrentemente usa materiais da internet para passar para a turma ao invés de utilizar o livro didático. Suas fontes são em geral portais que pouco problematizam os conteúdos sendo passados e, na maior parte do tempo, servem somente como ilustrações ao tema sendo tratado em sala.

As dinâmicas de aula expositiva não saem muito desse padrão. Ao distribuir as suas folhas com trabalhos, citações e resumos aos alunos, o professor se abstém de expor o conteúdo, deixando assim seus alunos lerem suas folhas em silêncio. Há também trabalhos exigidos das turmas e as fontes indicadas consistem em portais como www.suapesquisa.com ou www.infoescola.com.

Parece que a disciplina de história, em termos de sua colocação na grade curricular, é relegada a um espaço de não importância. Tendo somente dois tempos semanais, de 40 minutos cada, postos juntos em um dia da semana, a disciplina de história pouco tempo tem para trabalhar suas complexidades e problemáticas dentro de sala de aula. Comparada a outras matérias, a história é tratada como complemento não essencial à formação do aluno na escola, prática que acaba por corroborar uma cultura de desinteresse e desprezo a tudo o que não se enquadra nos típicos setores profissionais valorizados no Brasil, que são as tradicionais áreas de Direito, Medicina e Engenharia, todas as quais não mecanizam a história como engrenagem essencial.

Os saberes históricos que estão sendo cultivados agora pelas salas de aula do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti – pelo menos as que pude observar – se referem a uma cultura escolar que pouco sabe e pouco se interessa pelas habilidades necessárias à compreensão histórica. Isso porque o que se vê praticar, tanto pelos alunos, equipe administrativa e docente, é a história conteudista que há muito foi considerada ultrapassada pela historiografia. Contudo, é essa história que, muitas vezes, é exigida nos exames e concursos que os alunos têm de fazer quando saem da escola.